plastico, sempre a quebrar

[POESIA] POEMAS DE AGOSTO E SETEMBRO

Entãaaao... Quanto tempo né... hehe Agosto foi um mês complicado, me ajustar ao meu novo cérebro medicado foi mais desafiador do que eu imaginava. As memórias são vagas e apenas um borrão de dias passando me vêm a memória. Eu acho que esse processo de luto de uma depressão que não é mais(tanta) é muito difícil de por em palavras. Eu caminhava pelos meus dias acreditando que algo ia acontecer a nada acontecia... Mas de uma maneira tão sutil—tudo permanece igual. É como se tivessem retirado o parasita e eu só sentisse sua falta.

Já Setembro foi o oposto. Foi algo parecido a um renascimento, um voltar do acreditar no potencial de vida. Eu não sei dizer muito bem pois nesse momento ainda estou o vivendo, mas venho percebendo que tudo que eu acreditava não era e eu ainda estava no começo do meu processo de me desconhecer. A mudança é algo tão fugaz.

Outra coisa que me vem em mente enquanto conversava com uma amiga sobre processos criativos é que eu venho escrevendo muito pouco. Venho aos poucos me reconhecendo poeta mas não me sinto muito digna. Preciso levar mais a serio o trabalho poético. É preciso cuidar e nutrir de nossos predicados. Outubro farei mais òwó


21/08/24

Bastava teu sorriso,
cores dispostas à minha graça
Indignada,
a traça consome
as verdes pétalas do tempo.

Brandia suas desavenças.
os olhos pulavam a cerca.
O milagre estava entre as estrofes.
e assim se fez outro sono,

Balançava os desejos
com os pés flutuando
partia.

Beijava o desfigurado memento
por outro destino.

Basta tua memória


22/08/24

Com tuas mão
O sagrado se encolheu.
remexeu,
gritou.

Galatea, você desfez.
O calor trouxe derramado,
o antes
primordial
uno e redondo
amor.

Rachada, a erosão
te fez bela,
as bochechas pontudas
a costela desenhada
o encolher do respirar
A areia restante em tua pálpebra
evoca
a ausência de um destino.

Por uma maldição
a vida escala
os teus restos
inanimados.

Vênus nos criou
em outro verão
eternas.


27/08/24

Ambígua,
assim se deu o crepúsculo
antes me dessem uma verdade
o traço percorre
todos os acúmulos
Perdida entre as sombras
meus dedos desertam
minha soberania.

Atolado entre as vértices
a voz queima
Persistência dada por
um deus menor.


31/08/24

Bem vinda seja a modernidade.

no recanto de teus olhos
uma longínqua tristeza
o sangue jamais profanado
Pertence aos deuses
teu ouro
teus anjos e,
tua lembrança.

Imbricado nos desviares
pousou a garça dos poréns
outro dia pensei no desejar
Queria entender
teu véu,
tua sombra e,
teus respirares.

Traçada numa linha eterna
os alcançamos em luares
Perversa seja a tristeza
o anseio
o futuro e,
teu olhar.


09/09/24

A traqueia perdoa os indesejáveis
Abastadas, as casas de veraneio
emergem das outras mulheres
e levam nossos deixares
pertencem aos teus traços
largaram meus dizeres

A fumaça enjoa o pedinte
Beijada, nascia ali uma prece
inquieta pela verdade
sucumbiram os bem-te-vis
atolada nos teus olhos
um milagre qualquer

O granizo esquece os amantes
Deixada, o dente-de-leão floresce
A brasa caminha nossa pele
o terço emudece tua calma
sucumbem o meu
desejo


13/09/24

(intermitente qualidade de teu olhar
outros morros,
solidão cortante,
a brisa do amar)

Em outros velejos eu aprendi a cantar.
Esse troço que me ensinaram a sonhar.
Os esbugalhados moços temem o perder.
E eu, permaneço a te querer.

E, nessa trovoada que aprendi
as virtudes do não existir.
Uma emoção cheguei a coibir:
os outonos onde do céu flori.


19/09/24

As pétalas do amanhecer
invisíveis aos nossos corações
perfumavam os gestos de deus.

Por aqui vinha um perambular
já esquecido,
perambulou.
E encontrou em si
uma pedrinha
laranja como aqueles sóis.
Aquém do mistério
o poema
se
desfez.

E no sétimo dia me moldei,
aos teus desolhares me criei
por outra vida me beijei
outra hora o dia se fez
nas entranhas do Além
o mar se refez
com uma colher de chá de divino
o eterno definha
em nossos lábios
fugazes
os amantes
partiram