plastico, sempre a quebrar

[POESIA] Poemas de Dezembro e Janeiro

Esse meses foram de pouca escrita. Não sei dizer ao certo o porquê... acho que precisamos de tempo para digerir as coisas da vida até que possamos relembrar das coisas como memória frágil e inventado, logo, poesia.


18/12/24

Debaixo das minhas pálpebras.
Um cheiro que não quer sair.
O reverberar da memória distante.
O repetir dessas palavras.

Debaixo das minhas unhas.
Um pedaço do defunto malformado.
A carne que segura teus lábios.
Os limites que escondem a palavra.

Debaixo dos meus sonhos.
Uma silhueta que me assusta.
A palavra que perdura.

Você não sabe.
Eu tenho medo.
E tão poucas palavras.


15/01/24

É incrível quanto amor existe na ausência.

O grande condor avisa o novo dia.
as pétalas do alvorecer reluzem outras vértebras.
o delineado do amanhã busca os desavisados.

Todos passaram despercebidos.

Todas as traças percorrem teu corpo.
Só e perfeito.
Uma bênção do meio-dia.
qualquer semblante de paz–
uma máscara rompida.
Só basta aos padres.
rezar e comer
pois os trevos continuam a morrer.
e nossas mãos a envelhecer.

Outra ventania traz o primeiro crepúsculo.
É dos religiosos o primeiro respirar.
Tua soberania desconhece os confortos.
as vísceras tendem a queimar.
A mais pura de tuas veias
enternece-se com tuas lágrimas.

E o amor que escapa de tuas costas.
são os pássaros que trazem o anoitecer.
A bruma entra em teus ossos.
Um prazer quase humano perece.
E aos teus pesares:
só uma calêndula,
prestes a florescer
mais uma vez.
Eternamente sua,