plastico, sempre a quebrar

[POESIA] Poemas de Julho

Esse mês eu estava com a intenção de escrever um poema por dia... Péssima ideia quando você vai começar a tomar remédios psiquiátricos. Entretanto eu estou bem satisfeita no fim, transformei nesses últimos meses o escrever em necessidade fisiológica!! E também sinto que estou finalmente criando algo parecido com Estilo. Obrigada por ler meus poemas ૮ ˶ᵔ ᵕ ᵔ˶ ა


01/07/24

Clarividência perpassada por outrem
traduz em meu sangue,
a luz estilhaçada
por meus dedos-amanhã.

Desistisses das orquídeas.

O desenho de tua órbita
passeando entre teus olhos:
um resquício de
respiro
Caminhavas para trás,
Kairós.


02/07/24

DIAGNÓSTICO DA VERDIDÃO DA ALMA

Marcados por tua entrepassada vergonha.
os desertores clamam os estragos do divino
em todos os teus desviares
o olhar perdido, largado as traças.

O âmbar preso entre teus dedos
temida autonomia da carne
Afagas a maçã de meu rosto
teus movimentos defuntos.

As manchas quase-pastosas do nosso último respirar
rebocam as fissuras do meu defeituoso
corpo


03/07/24

a brevidade do pensamento
entregue ás horas-agora
os trapos despejados
coração entre o meio-fio
maresia do desejar
nosso fim
Outrora.


04/07/2024

No atear da noite
rugem, os extra-
vividos—
destroços de mim.

Aqueles proseletizam:
da carnificina,
do teu sangue,
do amorfo em todo altar,
Aquilo escondido por trás de todas tuas preces.

Dando sombra à nossos pecados.
entra alhures
Aquela promessa
dessacrada
no atar da inocência;
Calêndula


05/07/24

Desfeita,
a pele cai aos prantos
do último querubim—
tua margem


06/07/24

PORTA DE ENTRADA PARA O EM VÃO.

Desejo o prazer de qualquer pensar.
tresloucada, por desvios chego aqui.
Ansiosa demais para me despejar.
Prosa longa demais para se caminhar.
entrelaço os devires comendo este caqui.

Para que ir Além?
Se tudo não se passa de um porem.
A brasa queima atrás dos olhos.
Atoladas nos restos que julgo ser outrem.
Cega demais para desviar dos trilhos.

Para onde vai o que carece?
Estas abundâncias todas — uma viciosa prece.
Aquilo que antecede todas as perguntas; Soberba.


07/07/24

ando meio emrabiscada.
Abençoada com o dever de sentir.
e, eu só desejo ir por vir...
entre as coisas inóspitas, não residir.
olhar para o chão só pra ver a porta cair.
Só que um dia eu decidi me redimir.
das culpas alheias que em mim forçam existir.
e só com uma nota eu sigo a devir.
Troço engraçado, isso de mentir.


08/07/24

A ANTÍTESE DO PÃO SOVADO.

Enxergo ao fundo, um par de córneas
me trago para perto e te busco
Mais uma pobre alma por fazer...

Prendo entre os dentes outra vertigem
entregue ao anseio entrerevestido pelo
acúmulo de minha bile.
ponto fulcral para o entendimento:
o tempo,
percorrido por tuas memórias
reduzidas ao
verniz putrefeito
do constante arrepender.

Antigos troncos espetam a superfície.
Um desejo antigo, petrificado em cima céus
quebra antes de atingir o macadame.
O már-polvora agrada os velejadores.
a maresia traz o estopim
teus olhos em todo lugar;
e queimou.

Eu pertenço a todo lugar.


09/07/24

O sutil oscilar,
a abertura de teus brônquios.
Um rastro de luz nesse céu natimorto.

Crê em algo?—
perguntou o bezerro,
vendo a semelhança entre
a terra e o adeus
debruçou-se sobre
os retalhos de nossa infância.

A terra fértil.
fendida
pelo besouro-do-amanhã.

Ébria de lacunas
a vida
se dissipa
por um só instante
você,
entreaberta
respira.


10/07/2024

MITO DE ORIGEM

Consequente,
os homens para trás das margaridas
deixam suas últimas palavras.

Erupção.

O servente futuro,
de mãos vazias, ofereceu
ao restante de nós
o seu último louvor:
sidra infundida com
tua remanescente
vértebra.

Fissão.

Tropeço nesses ventos cortante.
Figura desfigurada da memória.
Introduzo à alma meu mais novo mito
esses recortes trançados entre desgraça e mármore.


11/07/24

Despejada entre meus pés
a verdade devora
sua última
palavra.


12/07/24

Caminhas ali, quase plena.
persistias a transbordar, um tanto triste.
entretinhas em tua pele tua vida, quase latente.
expiravas teus fantasmas, um tanto terna.


17/07/24

breve assepsia da alma:
o azul-deixado permeia
todas as fendas da exposta
caixa toráxica quase-
Angelical.

Retalhos sobreviventes do amargo.

Predileta ou não.
atravessasses esta porta
calcada pelos quase-vivos.
Conservada ou não.
as pilastras respiram
rejeitando tua presença
os brônquios cantam
a última e efêmera
Canção.


18/07/24

Cansados,
os passantes deixas
suas impressões
em minha pele—
dilacerada.

Precedem os poemas:
Traços de outra inquietude. escavadora de angústias.
O clarão que o vento traz.

Por ora,
a insepulta noite,
treslargada
ecoa
o ímpio
perdão


19/07/24

Entrego a ti minha companhia
despejadas por aí
as rosas do córtex.


25/07/24

O despejo traça seus
(in)familiares gracejos
Sua voz, eternamente clara
confunde minhas preces
Por quantas entranhas tu passastes?
até retornar aqui, elusiva mandragora.

Brotou-se um talo de remorso
por outro verso, descrever eu (não) posso.
Esta incontrolável prosa torta que é meu âmago.


29/07/24

Por meia letargia, o céu se foi
breve como os amanhãs
a andorinha trouxe
a vermifugada
lembrança

O carmesim ofuscante da lua
entrelaça nossas eternas almas
breve como os sonhos
o sol-nascer
desperta
nossa última
palavra

Entregue, o amor penetra
o verde-escombros fruto
do sonolento pensar.
breve como os poemas.


31/07/24

A GOTA NEGRA...

Perene ambivalência.
Os céus partidos
ressoam a tua
invertebrada incerteza

E as larvas rastejam em tua calma.
a gota negra condensa
nas entranhas do desejo
o não disto despeja.

Untado com teus rastros.
O horizonte se expande, inefável.
Contados, os pássaros se revoltam.
Por atentar-se demais, esvaeceu.

Noutro relance, os olhos fechados.
O sereno retorna os acasos ensaiados; Lírio-de-Madeira.