[POESIA] Poemas de Maio
Liveposting pois não quero acumular tantos meses em um post só
03/05/2025
A noite se foi
e tuas dores
uma pétala.
Não se sinta só
os lobos
permitem comer
suas crias.
Você é tão real
teus restos em mim
no meu estômago
procriam a nossa
eterna solidão.
Não me espere
aqui dentro de mim
sua carcaça dismorfa
consumida por Deus e bile
é tão real.
Não te esperarei
a noite já é curta
o sono já são rosas
já digeri tuas lágrimas
e tuas memórias
já bastam.
Invoque a nós
naquela última noite
aos prantos
me fiz eternamente
sua.
04/05/2025
Teu olhar
tão frio
ilumina todos os crisântemos.
Tão distantes da lua
percebem a sua solidão.
Torcem as toalhas
os anjos de mãos cansadas
esquecem de trazer o dia.
Tão frio
os crisântemos regozijam seu calor.
Os campos, tão lindos.
basta você ver
que os crisântemos
só estão aqui
por ti.
05/05/25
E de outros destinos, se faz a farsa.
A cousa parecida com traça..........
....................................
E a mim, me restam as praças.
Meu sonho era ser uma com as massas.
06/05/25
Viajo pelo andar de minha casa
Eu pertenço à uma triste moradia.
Ou coisa parecida.
Tragas as renuncias, pois
hoje as luzes brilham
os anjos da noite.
Cortei-me e foi acidental
Vadiei por querer culpar o Universo
e traduzi a tristeza em verso.
Quantos dias se foram?
O enfim parte.
para a chegada do sagrado.
a esculpida chaleira.
de ombro a ombro.
preenche as vértebras que ontem deixei.
sob a terra que hoje fecundo.
O traçado de minha dor.
E os anjos,
presos em cada poste
brilham só pra mim.
Nessa noite que a prosa se derrete.
e o camaleão descama.
Tua dor é minha,
grande cidade.
07/05/25
Digas que me ama, minha sina.
[A tormenta do tempo ignora o tempo].
Leia para mim a poesia menos minha.
Com que a verdade seja gota nesse copo.
Não falo sobre amor. Falo de bile.
O ser pouco melancólico verá o Azul.
Teus restos já não sustentam como o filé.
Acompanhe minhas horas, meu amor sem sul.
Mascare o fim com poucas palavras.
O tédio que consome todos nós.
E a calmaria que trouxeram as araras.
Em breve, o laço se fará atroz.
Como uma face desfigurada, atravessarás.
O rio que perdoará nosso algoz.
08/05/25
O que perdura?
Tua indominável canção.
Pensativa,
cantas sobre o amanhã.
Tem tempo que os versos não fluem.
A hora se contorce no amanhã
e os outros permanecem.
Qual o limite da palavra?
O poeta exaurido não passa de cantor.
Cantor do próprio cansaço.
Sem sequer trovar um simples canção.
Os dias percorrem meus dedos.
O que falta é o amanhã.
Por um tempo em que jamais me via.
Por uma falta do amanhã.
Eu sangro pelas faltas.
Onde o que se mantêm—o ontem.
Só me basta continuar,
perdurar só mais um dia
para que eu volte a sonhar
e ver você sorrir, quem sabe,
mais um dia
10/05/25
Sob o fim, dormiste
nua e plena.
Do forceps da vida
arrancasse me
quieta e resoluta.
Deixe-me ir
à meia noite, todos
somos pagões.
Creme a última hora
o dos mais perversos
símbolos
A vida.
[agora]
Drene o sangue desses tempo.
O azul já não é mais claro
nem seus olhos.
Teus dedos anseiam
o passado
tombado por ninguém
vivo e flamejante
de intestino aberto
gotejante
estado de nossa alma
05/11/25
Estronda estas ruas
o soar de um ínfimo coração.
Perdoa,
eu nunca perdoarei
aquela palavra
que nunca proclamei.
Dizem os relógios
do teu sono imperfeito.
do teu bocejar eterno.
Trazem os cansados deuses
uma hora que se foi
Dionísio reclama dos infiéis.
me buscam com o mel
teus sombrios fins.
Uma hora tão real
trabalhada pelo mistério.
Bem vindo seja.
Teu futuro Eu.
trabalhado por outra.
Sua ala que ainda me pertence.
ora pelo por vir.
Por favor viva, pois
Galatea irá sorrir.
Ame outros corpos
que a velhice nos encontrará
Eterna e vaga.
Nossas Memórias por fazer
13/05/25
É da labuta do sentir que vivo
do destrambelhar das margaridas
da verdade do teu olhar
Não, não invoque o fim
pois permaneço a sentir
Não me digas que não sentes
À brilhar nas entrevistas
o estrondar da meia-noite
traga mais um traçar
o destino ainda resta
Deixe-me
Estou bêbada de emoções.
Não me deixes
Estou quase à desistir
17/05/25
Teu rosto
besuntado no mais putrefeito
Verniz.
Antes a alma
incompleta
perfurava os estigmas
dessa história.
Entrelaçadas,
as vértebras se completam
na mais dolorosa
arquitetura.
Tua mão voa
nos espaços entre
o hoje e o nunca.
Perceba,
o tempo se foi.
e o traço perdura.
18/05/25
Persevera aos prantos,
Aquela inocência.
Majestosa seja nossa união.
Que meramente se foi.
Me deseje sorte.
Tuas mãos não aquecem mais.
Quimera,
filha de todas as incertezas.
Transliteração do grego.
Respirar.
Viva, pois tua mão.
vive quente para todos
esses amores tão
vivos.
21/05/25
Será? Tarde demais.
Você... tão jovem.
O amor—jaz em paz.
Da vida, me resta os améns.
25/05/25
É do erotismo de seus dedos.
o cantar dessas calêndulas.
Tudo faz parte de sua microbiota.
Comer me faz uma pior poeta.
Translaçado em minhas palavras—
Indigestão.
Me consuma
suas palavras,
gravadas
tão distantes
tem gosto
de flores indigestas.
Me faça parte de sua microbiota.